Os acidentes de trânsito custam ao país R$ 10 bilhões por ano

Veículo: Automóvel
Seção: Drogas e álcool
Data: 03/06/2018
Estado: SP

O balanço sobre a violência no trânsito, divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mostra que mais de 6.524 pessoas morreram em acidentes de trânsito nos 56 mil quilômetros de rodovias federais durante o ano de 2005.

O índice ficou um pouco mais abaixo do levantamento de 1999, com 6.588 mortos e redução de apenas 0,9%. Outras 20.593 vítimas de acidentes graves estão numa cadeira de rodas pelo resto da vida. Em 2000, houve 110.146 acidentes no Brasil contra 117.250 do ano anterior.

A queda foi de 6%. Esses acidentes deixaram 60.387 feridos, um terço deles em estado grave. Também nesta contagem, os números ficaram ligeiramente abaixo dos 61.736 feridos em 1999.

Em sua maior parte, os acidentes acontecem durante o dia (59%), com tempo bom (75%) e em retas (67%). Os números dos acidentes de trânsito no Brasil assustam e não deixam dúvida: o problema é grave, muito grave mesmo. Estamos longe de alcançar o índice de três mortos por dez mil veículos/ano, tido como aceitável pela ONU (Organização das Nações Unidas). No Brasil, são cerca de sete mortos por dez mil veículos/ano.

Nos países desenvolvidos, ocorre menos de uma morte por dez mil veículos/ano. De acordo com dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os acidentes de trânsito custam ao país aproximadamente R$ 10 bilhões por ano.

Bebidas alcoólicas (álcool)

Pesquisa realizada no ano de 1997, abrangendo quatro capitais (Salvador, Recife, Brasília e Curitiba) pela ABDETRAN (Associação Brasileira dos Departamentos Estaduais de Trânsito), comprova que trânsito e drogas, a começar pelas bebidas alcoólicas, são, de fato, uma combinação nociva à vida.

Os resultados apresentados foram significativos: 61% dos acidentados tinham ingerido bebida alcoólica, sendo que 27,2% apresentaram uma quantidade de álcool no sangue superior à permitida pelo novo Código de Trânsito Brasileiro (0,6 gramas de álcool por litro de sangue). Em todas as cidades que foram realizadas as pesquisas, a faixa etária de 20 a 39 anos apresentava o maior índice de consumo de álcool: 65%.

Mas é entre os menores de 20 anos de idade que a pesquisa detectou alguns resultados ainda mais graves, com a clara constatação de que os adolescentes continuam infringindo duplamente a lei:

fazem uso de bebida alcoólica e dirigem sem habilitação de motorista – uma combinação perigosa e muitas vezes fatal para condutores e pedestres. Entre os adolescentes de 13 a 17 anos, 10,3% apresentaram teor de álcool no sangue acima do permitido. Nos acidentados com menos de 20 anos, 52,8% estavam alcoolizados, sendo que 16,5% tinham passado do limite de 0,6 g/l.

As reações provocadas no organismo humano pela ingestão do álcool entre outras drogas são, de fato, uma ameaça ao motorista.

O sistema nervoso cerebral é completamente alterado a partir da ingestão dessas substâncias, em doses razoáveis.
A principal conseqüência é a perda total ou parcial dos reflexos, comprometendo a capacidade dos motoristas de conduzir com segurança qualquer veículo em via pública.

A primeira reação do organismo à bebida alcoólica é de euforia, desinibição e auto-confiança. Esse estado de espírito é decorrente da liberação de mediadores neurais, substâncias produzidas pelo próprio organismo, e que causam desequilíbrio ao sistema nervoso cerebral. Essa primeira fase dura pouco, no máximo uma hora. No entanto, é seguida de depressão, com diminuição da capacidade física, motora e mental, o que compromete a atenção e o estado de alerta necessários à segurança no trânsito.

Drogas

As outras drogas, como cocaína, crack (pedra), anfetaminas e tranquilizantes, também provocam algumas reações no organismo, que somadas aos efeitos do álcool se tornam mais graves.

O uso da cocaína, por exemplo, produz uma sensação de grandeza e aumenta a sensibilidade a estímulos externos, distorcendo a noção da realidade. As anfetaminas têm efeito parecido e por isso são utilizadas por motoristas de caminhão, apesar dos grandes riscos que oferecem aos que querem se manter acordados para fazer longos percursos.

É o chamado “rebite”. Quanto à maconha, seu principal efeito é a perda do senso de realidade. A maconha reduz a capacidade de dirigir por até oito horas após o uso.

Todos esses efeitos são de alta periculosidade, principalmente no trânsito. Nesses casos, os acidentes costumam ser graves: 63,6% de capotamentos e 71,1% de choques.

A pesquisa mostrou que grande parte das vítimas da cocaína e da maconha no trânsito é formada por jovens de 20 a 39 anos. E, o mais grave, que os adolescentes de 13 a 17 anos constituem o segundo grupo de maior consumo dessas drogas.

Entre os menores de 20 anos, foi constatada a presença de maconha na urina de 7,8% dos acidentados, de cocaína em 1,9% e de diazepínicos (tranqüilizantes) em 4,5%. Outro dado importante é que os jovens fazem tanto uso dos barbitúricos (hipnóticos e tranqüilizantes) quanto os adultos. De 0 a 19 anos, a incidência é de 1,9% , de 20 a 39 anos chega a 1,4%, e de 40 a 59 anos é de 1,7%.

Incidências

A pesquisa abrangeu 1.114 vítimas de acidentes de trânsito nas capitais, durante a semana de 26 de agosto a 3 de setembro de 1997. Participaram da pesquisa, realizada nos dois principais hospitais de cada capital e nos IMLs (Instituto Médico Legal), 96 estudantes dos cursos de Medicina e de Enfermagem.

Foram colhidas informações sobre o prontuário dos acidentados e as circunstâncias dos acidentes, bem como os dados pessoais das vítimas. Nos sete dias da pesquisa, ficou evidente que o número de acidentes aumenta nos finais de semana (43,3% entre o sábado e o domingo) e especialmente entre as 14h e 20h (43,8% do total).

Mas a novidade é que a quinta-feira apresentou um comportamento diferente dos demais dias da semana, com uma proporção elevada de acidentes.

O acidente predominante para o conjunto da amostra foi a colisão (33,2%), seguida do atropelamento (26,7%). Mais uma vez, os jovens são as maiores vítimas da violência no trânsito, já que a idade média dos acidentados é de 27 anos, com 80,6% do total das vítimas situando-se na faixa de idade inferior a 40 anos.

A pesquisa constatou ainda a negligência de grande parte dos motoristas, já que dois terços dos acidentados não utilizavam o cinto de segurança.

Penalidade

A gravidade do uso de álcool e de outras drogas no trânsito já é reconhecida pelas autoridades da área e pela sociedade há muitos anos, o que levou à aprovação de multas muito mais pesadas no novo Código de Trânsito Brasileiro.

Dirigir depois de haver ingerido qualquer tipo de bebida alcoólica (álcool) de modo a apresentar mais de seis decigramas de álcool por litro de sangue, ou qualquer substância entorpecente, passou a ser uma infração gravíssima (7 pontos na carteira), com multa padrão (180 Ufir) multiplicada por cinco.

O infrator ainda ficará proibido de dirigir ou poderá ter a carteira recolhida ou o veículo retido até a apresentação de um motorista habilitado. O infrator estará sujeito também a detenção de seis meses a três anos.

De acordo com o novo Código, um acidente com vítimas, provocado por pessoa alcoolizada ao volante passa a ser crime de homicídio culposo ou lesão corporal culposa, a ser julgada de acordo com o Código Penal.

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