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Ao longo da história as Comunidades Terapêuticas têm sido uma escolha de tratamento para usuários e dependentes de álcool e outras substâncias químicas em todo o mundo. No Brasil, particularmente, nas últimas quatro décadas elas têm aumentado bastante como um método inovador e de baixo custo de tratamento aos internos acolhidos.

Elas foram criadas como uma resposta e mesmo, podemos falar, no vazio deixado pelo poder público, que não conseguiu perceber o avanço dessa grande epidemia e sem preparo nenhum não teve condições para enfrentá-la. Levando em consideração que nas décadas de 60 a 80, e em muitos casos até nos dias atuais, o dependente químico era internado em manicômios, recebendo o mesmo tratamento de individuos com transtornos psiquiátricos.

CONFIRA TAMBÉM:

As Comunidades foram criadas como agentes transformadores de uma sociedade que necessitava de muita ajuda na época. A estimativa é que existam atualmente no Brasil, mais de 2.000 Comunidades, que fornecem tratamento a mais de 70.000 adictos e emprego à cerca de 10.000 pessoas.

Nos dias de hoje a capacitação e avaliação de nossas tarefas , recursos e atividades são extremamente fundamentais. Desta forma, nesse contexto, o atual texto apresentará algumas reflexões.

Vejamos alguns fatores importantes:

I – RESGATE DA DIGNIDADE ATRAVÉS DE UM TRABALHO EFICAZ

A época do empirismo já se foi. É até compreensível o fato de que, antigamente, muitas comunidades haverem começado seu trabalho sem as mínimas condições estruturais e técnicas para o funcionamento, mas não é nada bom que essa situação continue.

Conhecemos os desafios que as Comunidades atravessam e suas lutas para sobreviver sem a devida ajuda dos governos.

Existe um ditado que fala: “O bom gerente não é a pessoa que fica reclamando dos recursos que não tem, mas a pessoa que faz o melhor possível com os seus recursos”. É claro que é muito difícil fazer as coisas sem receita, mas existe uma série de tarefas que podemos fazer sem dinheiro, como por exemplo: um grupo de profissionais que se voluntariam para ajudar; manter o espaço bem cuidado e acolhedor; ter um Programa de Recuperação por escrito eficaz; manter a escrituração financeira em ordem; conseguir e manter os documentos legais necessários e exigidos; propiciar treinamento para os colaboradores ou monitores, entre outros.

II – RESGATE DE PRECEITOS ÉTICOS
Um dos ditados prediletos da clínica, de autor desconhecido, fala: “Abra seus braços para modificações, mas não abra mão de seus princípios”. Infelizmente muitas comunidades tem atuado sem a mínima ética e isso tem atrapalhado ou dificultado o trabalho de Comunidades que desenvolvem trabalho coerente e responsável.

As Comunidades devem, para atingir a ética:

A) SEREM ABERTAS E TRANSPARENTES:

  • O que fala que faz, faz realmente;
  • O que diz acontecer, acontece;
  • Estar aberta a qualquer hora para visita e auditoria;
  • Ter suas contas em dia e pagas.

B) SUBMETER-SE A AVALIAÇÕES PERIÓDICAS:

  • De suas metodologias;
  • De seu papel junto a sociedade;
  • De suas ações – o que está fazendo e quais seus compromissos com os acolhidos.

C) DEFINIÇÃO CLARA DE SUAS PROPOSTAS, METAS E FINALIDADES:

  • Todos conhecem a finalidade da Comunidade.

D) ESTAR SE ADEQUANDO A NOVA ROTINA:

  • Ao perfil e realidade do viciado em drogas contemporâneo;
  • As exigências previstas em lei, especificamente da RDC 029 da ANVISA e o MARCO REGULATÓRIO DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS.

III – TREINAMENTO CONSTANTE DOS COLABORADORES E EQUIPE TÉCNICA
Esse é um dos principais fatores de sucesso e/ou fracasso de toda e qualquer instituição, treinamento. A problemática das drogas é muito variável, muda constantemente e é necessário que todo o quadro de colaboradores seja constantemente treinado para poder fazer frente ao desafio de reabilitar pessoas viciadas.

IV – PREZAR PELA QUALIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA
Qualidade objetiva é tudo aquilo que nos temos a capacidade de medir, pegar e qualidade subjetiva é tudo que não pode ser medido. Para maior intendimento e efetividade desse texto, mostraremos abaixo um “Check List da Qualidade Objetiva de Uma Unidade” e dentro da capacidade subjetiva o “Check List dos Custos Invisíveis de uma Instituição”. Ao realiza-lo terá a oportunidade de aprimorar a qualidade de atendimento de sua Comunidade.

“CHECK LIST DA QUALIDADE OBJETIVA”

REQUISITOS DA QUALIDADE. Do lado de cada questão responder “SIM” ou “NÃO”:

I – ORGANIZACIONAL
01 – A organização tem um estatuto elaborado dentro das leis do “CNAS”?
02 – A Entidade tem CNPJ?
03 – Tem Utilidade Pública Municipal?
04 – Tem Utilidade Pública Estadual?
05 – Tem Utilidade Pública Federal?
06 – Tem registro no “CNAS”?
07 – Tem Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social?
08 – Tem registro na SENAPRED?
09 – Está registrada junto ao Conselho Municipal da Assistência Social?
10 – Tem registro no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente?
11 – Tem registro na Secretaria da Promoção Social de seu Estado?
12 – Tem Isenção de impostos – IPVA, ICMS, ITR, CPMF, PIS, COFINS, IR,Cota Patronal do INSS, Isenções Municipais, entre outros?
13 – Realiza anualmente Balanço Patrimonial c/ Demonstração de Receita e Despesas?
14 – As contas são analisadas por auditores independentes?
15 – Tem Livro Patrimonial?
16 – Entrega todo ano, até o final de abril, o Balanço e Relatório ao Setor de Utilidade Pública do ministério da Justiça e a Secretaria da Justiça?
17 – Realiza declaração todo ano do Imposto de Renda?
18 – A Diretoria reúne-se pelo menos uma vez ao mês?
19 – Todos colaboradores da entidade conhecem sua “MISSÃO”?
20 – Tem um planejamento estratégico?
21 – Existe uma adequada distribuição de “cargos e tarefas”. (Descrição de cargos via organograma)?
22 – Tem um plano de carreira?
23 – Tem alvará para funcionamento?

II – MOTIVACIONAIS E DE TREINAMENTO DE COLABORADORES


01 – Tem um programa sistematizado de treinamento para seus colaboradores e pessoas voluntárias?
02 – Tem um programa de estímulo e apoio ao estudo formal?
03 – Aplica métodos motivacionais que estimulam o desenvolvimento integral dos colaboradores e pessoas voluntarias?
04 – Aplica financiamentos para formação e aperfeiçoamento dos colaboradores?

REQUISITOS DA QUALIDADE. Responder “SIM” ou “NÃO” para cada questão a seguir:

III- PROGRAMA DE REABILITAÇÃO E ATENDIMENTO:

01 – Tem um Programa de Recuperação escrito, que é constituído por:
a – Clareza nos critérios de admissão;
b – Explicitação do processo terapêutico, com fases e finalidades;
c – Definição de plano terapêutico;
d – Explicitação de período de internação;
e – Definição de critérios de alta médica;
f – Definição do processo de reinserção na sociedade;
g – Explicitação de programa de monitoramento pós tratamento;
h – Definição de sistemas de monitoramento e avaliação do ciclo terapêutico;
i – Atividades:

  • Lúdico-terapêuticas todos os dias;
  • Física desportiva todos os dias;
  • Terapia em grupo gerenciada por profissional com formação superior;
  • Didático- científica;
  • Estudos para alfabetizar, profissionalizar…

02 – Tem uma equipe técnica mínima para atendimento dos dependentes químicos?
a – Um profissional de formação superior, na área de saúde ou assistência social responsável pelo Plano Terapêutico;
b – Um gerente administrativo;
c – Três Agentes Comunitários, especialistas em dependência química, com cursos qualificados.
03 – Tem Regimento Interno?
04 – Todos os internos têm prontuários?
05 – Tem um Setor de Hospedagem com:
a – Quarto coletivo para acolher até 6 pessoas com área mínima de 5,50 m2 p/ cama de solteiro;
b – Toalete com – um vaso sanitário, um chuveiro e um lavatório para até 6 pessoas;
c – Quarto para vigia/agente comunitário;
d – Consultórios de atendimento.
06 – Tem programa de auxílio e orientação aos pais?
07 – Possuem um conjunto de medidas preventivas com relação a patologias infectocontagiosas?
08 – A entrevista para internação é realizada por um profissional com nível superior?
09 – O plano terapêutico é acessível aos internos e seus entes?
10 – Os internos possuem atendimento médico, odontológico e psicológico?

“CHECK LIST DOS CUSTOS INVISÍVEIS DE UMA INSTITUIÇÃO”

As comunidades cristãs tem um enorme desafio que é “profissionalizar sem secularizar”. Estas precisam prover o equilíbrio entre os seus princípios e valores éticos-cristão. Elas enfatizam que o homem é provido nao apenas de corpo, mas de alma e espirito. O corpo dever ser limpo da drogas. O espírito restaurado por um Deus maior e a alma tratada por colaboradores que respeitam os princípios éticos da comunidade.

( ) Desarmonia e dos desgastes nas relações do dia-a-dia;
( ) Clima tenso e de crítica destrutiva;
( ) Boicotes às mudanças e novas perspectivas;
( ) Competição extensa, ausência de ajuda entre as pessoas;
( ) Falta de autonomia;
( ) Desconfiança e controles em excesso;
( ) Acomodação pelo grande número de recursos;
( ) Arrogância que atrapalha a aprendizagem e o relacionamento;
( ) Procura por status;
( ) Não reciclagem;
( ) Não cuidar, de não se importar;
( ) Desmotivação, da falta de motivação das pessoas;
( ) Acomodação pelo objetivo alcançado no passado;
( ) Falta de conversa e de sintonia;
( ) Mal- entendidos e a comunicação com sérios problemas;
( ) Não se importar com o futuro e olhar para curto-prazo;
( ) Liderança inexistente;
( ) Não utilizar bem os talentos que possui;
( ) Rotatividade de funcionários e internos;
( ) Realizar na última hora;
( ) Isolamento e a falta de amigos e cooperação;
( ) Sistema ultrapassado;
( ) Ausência de criatividade;
( ) Adiar o que se pode fazer agora;
( ) Falta de controle;
( ) Falta de ordem;
( ) Falta de manutenção;
( ) Desperdício no cotidiano;
( ) Burocracia;
( ) Lentidão, da demora para tomar decisões;

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