À policia, eles acusaram local de tortura e maus-tratos; pastor nega as acusações e fala em ‘abstinência’

Vinte e três dependentes químicos e alcoólatras fugiram de uma clínica de recuperação no interior de São Paulo. Eles alegam que eram vítimas de agressões e sofriam maus-tratos no local, mantido por uma igreja evangélica.  A clínica de recuperação, chamada Casa de Recuperação Missão Nazareno, fica na rodovia Felipe Calixto, que liga Ribeirão Corrente (SP) a Cristais Paulista (São Paulo).

À polícia da cidade de Franca, os internos contaram ter caminhado mais de 12 quilômetros durante a fuga, boa parte do trajeto entre  os matos das chácaras e sítios da região. Eles falaram sobre o motivo da fuga.

Um deles, era um rapaz que tinha 21 anos de idade, contou que na clínica havia o chamado “quartinho da fé”, onde apanhavam de três a quatro pessoas. “É o quartinho onde eles levavam a gente para poder bater”, falou. “Todo mundo via, mas não podia fazer nada”, afirma.

Outro paciente da clínica de reabilitação disse que eram obrigados a comer restos. “Tomei muito soco e já fui enforcado”, declarou. Na delegacia familiares contaram que pagavam mensalidade para ajudar a manter a instituição.

Defesa

O responsável pela clínica de reabilitação / recuperação para dependentes químicos, pastor Carlos Roberto da Cunha, negou  as acusações e também registrou ocorrência denunciando a fuga. Na tarde desta terça-feira, 30, ele foi chamado ao Ministério Público para se explicar.

Em entrevista ao Estado, ele culpou a abstinência das drogas e do álcool e negou as agressões. “O quem tem lá é a igreja, a igreja da fé. O papel aceita qualquer coisa”, se defendeu. “Eu faço esse trabalho há 20 anos e nunca aconteceu isso”, garante.

“Esses meninos tiveram uma abstinência forte e, no domingo, dia de eleição, suspendi a visita dos familiares”, justificou. A clínica tinha cerca de 50 internos e segue funcionando com os que restaram. Os jovens que fugiram foram para as casas de parentes ou encaminhados pela assistência social a outros estabelecimentos.

Fotos e a entrevista original no Terra