Série relatos Clínica de recuperação em SP - Ana Julia, mais uma história real relatada com detalhes, busque ajuda
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Série relatos Clínica de recuperação em SP – Ana Julia

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Antes de mais nada, essa é a série relatos do blog da Capital Remoções, nosso intuito com essa série é contar, através de depoimentos

reais, a história de pessoas que passaram por experiências com drogas e álcool, e sobretudo, internação de dependência química e alcoólica.

A história de hoje, portanto, é de Ana Julia, uma jovem de 19 anos que acabou de sair de sua primeira internação, e hoje, frequenta ao grupo

de apoio de NA para fazer a manutenção de seu tratamento.

Lembramos que por ser a dependência química uma doença biológica, psicológica e emocional, o tratamento deve ser portanto

contínuo.

Problemas com drogas? Fale conosco agora mesmo.

Boa leitura!

Olá, eu sou a Ana Julia, por causa da música mesmo (risos) tenho 19 anos, estou no segundo semestre de medicina (atrasada)

limpa a 9 meses, graças ao Poder Superior e a essa programação de NA, que conheci no momento mais difícil da minha vida.

Minha experiência com a droga foi rápida, intensa e devastadora.

Sou filha única de um casal de médicos, imagine, eu nunca via meus pais, ainda mais que os dois são cirurgiões.

Sempre frequentei os melhores colégios da capital, conhecia gente de muita grana.

Dinheiro, sobretudo, nunca havia sido um problema de fato.

Eu gosto de enfatizar isso muito bem, pois a grande maioria das pessoas ainda pensa que a droga, sobretudo a minha de preferência,

é uma droga de preferência de quem não tem grana.

Série relatos Clínica de recuperação em SP – Ana Julia

Pois bem, aos 17 anos eu mudei de colégio, e nessa mudança conheci a Mel (vou usar esse nome).

Mel também era filha de uma médica, mas não tinha contato algum com seu pai. Vivia com as babás, assim como eu,

e não tinha ninguém além de sua mãe residindo em São Paulo.

A Mel tinha um espírito livre, eu a admirava por sua popularidade.

Ela estava sempre rodeada de pessoas legais, conhecia a galera da faculdade e sempre frequentava os mesmos rolês que eles.

Assim como eu, Mel também queria ser médica.

Então, um dia ela me contou que fazia uso de analgésicos e quetamina, e que fumava maconha.

Eu até fumei com ela algumas vezes mas a brisa não era o que eu buscava, sei lá, não curtia.

Já os analgésicos eram uma opção legal nos finais de semana de balada, obviamente, após consumir muito álcool, para dormir após a noitada.

Certa vez estávamos em um bar na Rua Augusta quando um dos amigos da Mel, muito charmoso apareceu com pó.

Eu queria muito chamar a atenção dele, ele era muito gato mesmo, e então quando ele me perguntou você curte dar um tiro?

Eu prontamente respondi, claro que sim.

Nós usamos muito aquela noite, e depois fomos para o meu AP, meus pais estavam no plantão e então ele dormiu comigo.

Depois de uns dias ele sumiu, e a Mel também, não apareceu mais no colégio.

Perturbada e apaixonada fui até a casa dela, para ter notícias dela e do amigo obviamente.

Série relatos Clínica de recuperação em SP – Ana Julia

Dependentes químicos
Ana Julia

Foi então que a mãe da Mel me disse que ela não aparecia em casa a 2 dias.

Voltei para casa e comecei a sentir vontade de usar, não sei se pela inquietação de não ter notícias, cheguei até a pensar que estavam juntos

usando, que nem sequer me chamaram, achei uma sacanagem.

Eu conhecia as biqueiras de São Paulo, você sabe, é mais fácil que pão.

Nunca tive medo então chamei um uber e fui até a biqueira mais civilizada de São Paulo, a Rua Augusta.

quando cheguei lá encontrei a Mel e o garoto.

Estavam sujos, esquisitos, uma brisa diferente.

O garoto não conseguia me olhar nos olhos, estava muito drogado, a Mel, toda torta me pegou pela mão e disse amiga é crack, experimenta.

Nem pensei, era a minha galera, eu precisava dessa experiência.

foi então que começou minha rápida e intensa descida ao fundo do poço.

No mesmo dia eu estourei meu cartão de crédito, voltei pra casa e saqueei meu apartamento, fiquei na rua por dias, transei embaixo de um viaduto, transei com a Mel também inclusive.

Insanidades.

após uns dias, entramos em um quarto de hotel e lá ficamos, nós não dormíamos, e nem parávamos.

Em um desses dias eu tive um lapso de sanidade e decidi que deveria voltar para casa, meus pais devem estar preocupados…

Mas o que eu diria a eles?

Eles certamente me internariam sem nem pensar duas vezes.

E o garoto, eu não queria me separar dele.

E a Mel, minha melhor amiga? Me consideraria uma traidora.

No meio do caminho, voltei para o hotel.

Série relatos Clínica de recuperação em SP - Ana Julia
Série relatos Clínica de recuperação em SP – Ana Julia

Quando cheguei de volta o garoto estava com a Mel nos braços gritando e espumando pela boca.

A Mel estava tendo uma overdose. (pausa e choro contido)

Isso ainda é muito forte para mim.

Chamamos o SAMU, aliás nós não, a recepcionista do Hotel, morrendo de medo por sermos menores, nos colocou pra fora e disse

que se falássemos que estávamos lá dentro mandaria nos matar

Nós a perdemos, após algumas tentativas de reanimação, ela morreu.

Eu então voltei para casa e nunca mais soube do garoto.

Tive que passar a maior vergonha da minha vida toda para explicar aos meus pais o que havia acontecido.

Eu estava a 17 dias na rua.

meu pai então optou pelo tratamento ambulatorial, afinal eu ainda era menor.

Então eu passava com médico psiquiatra dia sim dia não, e com psicólogo todos os dias.

Mas amiga, tu não sabe o que é a fissura do crack.

Eu lembrava da Mel, foi forte, mas a abstinência era maior.

Eu me sentia culpada, queria ter ido no lugar dela, afinal minha auto estima era um lixo, a dela sempre foi elevada, ela era mais gata,

mais magra, mais simpática, atraente, tinha mais amigos, era mais descolada.

A mãe dela só me perdoou esses dias que sai da clínica e fui lá pedir perdão acredita? Nessa época ela até ameaçou meus pais

de processo, e várias outras coisas.

Enfim, em uma dessas idas ao psiquiatra eu liguei para minha mãe e a manipulei, disse que estava preparada para ir e voltar sozinha

que eu merecia um voto de confiança, que recuperação é isso.

Inclusive eu usava a própria psicologia ao meu favor, eu era fera nisso.

Se eu conhecesse a programação nessa época eu certamente usaria a meu favor, para o uso.

Acho que é comum né? Essa doença nos traz falhas de caráter, a gente muda completamente em função do desejo;

Quem já passou por isso sabe, o dependente químico ele é persistente, ele precisa daquilo como quem precisa do ar para respirar.

A gente faz o impossível para conseguir a danada, não tem moralidade nenhuma na adicção ativa.

Nos tornamos abutres, eu roubei meu lar infinitas vezes.

Pois bem, voltando ao dia, eu estava predestinada, dores abdominais, sudorese, ansiedade, incômodos horríveis eu não podia mais controlar.

O cheiro da droga vinha no meu nariz só de pensar, a boca salivava, estava totalmente rendida.

A sensação que me remete é de que eu poderia fazer qualquer coisa para obter a droga, qualquer coisa mesmo.

Eu ia usar e dane-se. Depois eu vejo o que faço, com relação a minha família, por agora é isso, da consulta para a biqueira.

Quando eu convenci minha mãe então de voltar sozinha da consulta,

eu me preparei, levei um dinheiro que havia juntado naqueles 15 dias de tratamento ambulatorial (sóbria)

e fui para o mesmo lugar no centro da cidade.

Clínica de recuperação em SP

Conheci a cracolândia, o paraíso do dependente químico na ativa.

Droga toda hora, sem julgamentos, todo mundo usando, um cobertor e você se esconde se torna invisível, perante o mundo só mais uma

eu e meu cachimbo.

Não sei quantos dias fiquei por ali.

O dinheiro acabou, óbvio, mas ai eu descobri que o sexo é moeda de troca,

E eu era muito jovem, atraia os olhares dos traficantes que além de me darem droga em troca de sexo me davam abrigo.

Toda vez que o serviço social chegava ou equipes de remoção eles me escondiam.

Até que um dia, eu vi de longe minha mãe chegando com uma foto e ela mostrava essa foto a todos.

Eu corri até o meu traficante amigo e pedi abrigo, mas ele não estava, tentei me esconder dentro de caixas de papelão, mas algum dos

noias me indicou, ela me achou.

Aos prantos acompanhada de dois gigantes (socorristas) me pegaram a força e me colocaram em uma ambulância.

Naquele momento minha fissura era tão grande que eu só queria escapar.

com meu cachimbo tentei cegar o socorrista, que, obviamente muito mais forte do que os meus 42 quilos me imobilizou.

Fui para a clinica e essa foi definitivamente a melhor coisa que meus pais fizeram por mim.

Nossa relação ainda está sendo construída, isso é o que mais dói, eles nunca mais vão ficar tranquilos.

Eu sou uma bomba relógio, tenho consciência disso, é por essa razão que eu continuo voltando aqui.

O NA é a melhor ferramenta após internação, as partilhas me ajudam a saber de onde vim e para onde vou, não perco um dia, mesmo exausta da

faculdade, no fim do dia eu volto pra cá.

A internação é dolorosa pois é um encontro nosso conosco mesmo, entende?

A privação da liberdade, o cronograma de atividades, a rotina, hora pra isso, hora para aquilo, isso tudo não dói tanto quanto

enfrentar os seus demônios.

O mais difícil é isso sabe? Se encontrar, e eu venho buscando isso.

Voltei estudando já, estou no segundo semestre de medicina, ainda é uma luta.

O desejo ele vem e passa, mas a experiência, a vivência com isso é o que tento apagar de minhas memórias constantemente.

O hábito é complicado.

Um recado que eu gostaria de deixar para quem está passando por isso é não tenha medo, vergonha de pedir ajuda.

A internação é desconfortável, partilhar tudo inclusive quarto, mas olha não existe nada melhor

sobretudo se você é dependente de crack como eu.

Para os pais de dependentes químicos, o amor vence, lutem juntos até o final, por mais doloroso que seja.

É isso, parabéns pelo trabalho de vocês Capital Remoções, a minha internação foi feita por esse canal.

E obrigada pela oportunidade de partilhar isso tudo com vocês, um beijo.